Cabeamento versus eletricidade

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Cristiano
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Cabeamento versus eletricidade

Mensagem por Cristiano » 07 Out 2009, 17:12

:shock: Bem, estou reestruturando a rede internet da escola. Tem um engenheiro que falou que não precisa tirar os cabos de internet e separá-los da energia elétrica do teto pq não gera nenhum interferência. Diz ele que vai trazer um profissional que faz a medição de velocidade dos cabos a fim de não investir na estrutura.
Como não discuti o assunto, gostaria de saber de vcs se isso realmente se confirma ou devo "bater o pé" para separar os cabos de rede dos cabos de energia e telefonica.
Este aparelho que mede os cabos é realmente confiável?

ronaldobf
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Mensagem por ronaldobf » 08 Out 2009, 21:21

Olá!

Tudo depende...
Qual é o cabo de rede que você está utilzando? Se for fibra, não tem qualquer problema mesmo. Se for cabo metálico e não for blindado, dá interferência, sim!

O que acontece, é que ao ter energia num cabo, o mesmo possui um campo eletromagnético. Se este campo eletromagnético entrar em contato com o cabo metálico de redes, causará interferência, ocasionando distorção de sinal, perda, etc...

Para se ter uma idéia, um cabo metálico é trançado justamente para anular a interferência de um filamento ao outro (par). Forças contrárias se anulam.

Exemplos de interferências eletromagnéticas: Cross talk e alien Cross talk.

Isso causa atenuação e perda de pacotes, consequentemente, retransmissão de pacotes ocorrerão. e por sua vez, com mais retransmissões, aumenta o uso da banda, podendo até derrubar o link devido a quantidade de erros ou mesmo ocasinar superutilização de banda.

Cabeamento metálico é muito complicado.

Quando se lança um cabeamento metálico juntamente com o de energia elétrica, o que acontece, é que o cabo metálico sofrerá a interferência do cabeamento de energia elétrica. Existe uma distância segura para que isso não ocorra.

Nunca deve-se passar juntos o cabeamento par trançado com outro cabeamento de energia.

Para até 220 volts, 20 A, se passar na mesma eletrocalha/canaleta, deve-se ter uma separação física na estrutura, como um septo (separação de canaleta).

Sem alguma separação física, deve-se manter uma distância mínima de uns 30 cm mesmo.

Se não tiver jeito e tiver que passar cabeamento de energia juntamente com o de redes (sem sépto), deve-se utilizar cabeamento blindado ou cabeamento óptico.

Procure a respeito na norma eia/tia 568b (cabeamento) e na norma eia/tia 569a (infra)

Quando usando estrutura metálica, atente-se para o seguinte fato:
Se o cabeamento metálico de redes passar por eletro-calhas ou canaletas de metal, deve-se aterrar a estrutura, conforme as normas (NBR ou EIA/TIA), pois senão, a própria estrutura servirá como terra e causará mais interferência.

Ninguém dá valor, mas o correto aterramento é muito importante. Quando digo aterramento, não é só simplesmente conectar um fio de cobre a estrutura e a uma haste no solo. Existem técnicas e normas para fazer o correto aterramento, bem como aparelhos capazes de medir o terra (terrômetros).

A recomendação é que, em voltagens acima de 480V deve-se utilizar outra canaleta ou eletrocalha, isto é, sem divisão.

Outra coisa que dá muita interferência, é o reator de lâmpadas fluorescentes, máquinas de xerox, máquinas industriais, casa me máquinas, elevador, etc...

Sobre estrutura, é isso.



Sobre testar e certificar cabeamento, o termo usado por você, ou por seu engenheiro está errado. Não é medição de velocidade. A velocidade, ou capacidade de transmissão já é conhecida (cat5, cat5e, etc) por si só já define um mínimo e um máximo.

O certificador de cabeamento tem a capacidade de medir qual é o nível de qualidade do cabeamento baseado em normas, como a ANSI/EIA/TIA-568B, adendo 2 (para cabeamento metálico).

Numa transmissão, existem diversos fatores de interferência... no final, tudo se resume em atenuação/perda de sinal.

O certificador tem a capacidade de te mostrar, baseado em seus testes, que ponto existe alguma falha, como um cross talk (testes de NEXT e FEXT), também medindo o nível de atenuação de sinal, entre outros. diz até o comprimento do cabeamento, bem como, é capaz de detectar onde existem conexões (patch-pannel, por exemplo), devido a perda que uma conexão mecânica gera).

Equipamentos da Fluke Networks costumam ser os melhores e mais comuns no mercado.

Ao fazer um teste de cabeamento metálico, deve-se colocar qual é sua categoria, bem como configurar seu NVP (Nominal Velocity Propagation), que é diferente em cada modelo/marca de cabeamento.

NVP - é um número, medido em % em relação a velocidade da luz. Exemplo:

A luz propaga no vacuo em torno de 299.792 km/s., mas para ilustrar, vamos usar 300.000 km/s.

Se o NVP fosse, por exemplo, 50%, então o valor seria 150.000 km/s. Esta é a velocidade de propagação naquele cabo.

Se você sabe quanto ele consegue percorrer num segundo, você é capaz, facilmente, de descobrir o comprimento do cabo, bastando calcular o tempo que ele demorou para sair do início do cabo ao termino do mesmo.

Os certificadores descobrem a distância usando o NVP, por isso é muito importante que se configure corretamente, caso contrário, não estará certificando corretamente seu cabeamento.

Lembre-se de documentar tudo (fazer o survey / as built).


Existe por aí um aparelho, que muitos os chamam de certificador, mas na verdade, é um wiremap apenas. Ele checa a pinagem do cabeamento e se o mesmo está rompido ou não, e nada mais. Isso não certifica seu cabeamento, apenas diz se você fez certo sua pinagem... cuidado, isso não certifica nada. (esses aparelhos são uns pequenos que acendem leds em sequência para checar a pinagem)

Espero que tenha ajudado.

Abraços,
Ronaldo A. Bueno Filho

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